BBC2: a pioneira 

01-01-1978

A BBC2 fora pioneira num formato particularmente ambicioso: uma série de 13 programas de 50 ou 60 minutos que analisavam metodicamente um tema grande e importante.

 O primeiro visou demonstrar a alta qualidade do novo sistema a cores que a BBC adotara, mostrando os quadros, esculturas e edifícios mais admiráveis e famosos produzidos na Europa ao longo dos últimos mil anos. Escrito pelo historiador da arte Sir Kenneth Clark, levou três anos a fazer. 

Foi visto por dois milhões e meio de espectadores na Grã-Bretanha e pelo dobro nos Estados Unidos. Foi um sucesso tal que encomendei imediatamente uma segunda série. Esta analisaria a história da ciência ocidental, à qual se seguiria, por sua vez, outra para assinalar o bicentenário da fundação dos Estados Unidos.

E haveria de se fazer mais. Mas para mim era evidente que o formato também deveria ser usado para contar a maior história de todas: a da vida. Seria a série mais luminosa que alguém poderia desejar fazer. E eu ansiava por isso. Mas não podia conciliá-la com outro trabalho. Por esta altura, já era administrador havia oito anos e achei que bastava.

 Então, decidi deixar a BBC mais uma vez e sugerir a ideia a quem viesse a suceder-me.

Foi o que aconteceu, na altura própria. A série foi aceite e chamar-se-ia A Vida na Terra. Passou algum tempo até ser formada uma equipa de produção. Escrevi os guiões para os 13 episódios mais ou menos de uma assentada. Operadores de câmara foram recrutados e organizados para filmar pelo menos 600 espécies animais diferentes em pelo menos 30 países.

 Eu apareceria em cena ocasionalmente para descrever o contexto, esclarecer questões teóricas complicadas e apresentar novos tópicos ou então sairia de cena num continente e reapareceria a seguir explicando que tínhamos chegado a outro continente para continuar a história. Eu teria de viajar com uma equipa para uma série de locais. 

Para captar a história, seriam precisos 2,5 milhões de quilómetros de viagens: duas longas jornadas à volta do mundo para mim, e o esforço contínuo de seis equipas de operadores de câmara, que estariam fora durante vários meses. 

Também iríamos precisar de algumas sequências tão difíceis de obter que se justificaria serem filmadas por operadores de câmara com particulares conhecimentos e aptidões na captação de temas específicos: plâncton oceânico, aranhas, colibris, peixes de recifes de coral, morcegos e dezenas de outros.

Relatar a história da vida seria o maior projeto em que alguma vez me envolvi e ocupar-me-ia os três anos seguintes da minha vida.

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